22 dezembro 2009

Soma de pedágios para cruzar SP é maior que do RS ao RN

A soma dos pedágios que precisam ser pagos pelo motorista que vai da capital paulista à cidade de Ribeirão Preto, no interior do Estado - um trajeto de 313 km -, é maior do que o total gasto para percorrer a costa do País, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Em São Paulo, são R$ 41,70 deixados nos pedágios das concessionárias que administram as rodovias, contra R$ 34,05 gastos no trajeto litorâneo de 4,5 mil km. A informação é da Folha de S.Paulo.

No entanto, em um quinto do trajeto de São José do Norte (RS) a Touros (RN), há problemas no pavimento da pista ou na sinalização das rodovias. Além disso, não chega a 15% da BR-101 o trecho sob concessão da iniciativa privada - apenas Santa Catarina, Rio de Janeiro e parte do litoral paulista.

Redação Terra

carreata contra instalação


A Deputada Estadual Ana Perugini (PT) participou na tarde desta segunda-feira (dia 21), de uma carreata na SP-332, Rodovia General Milton Tavares de Souza, contra a instalação de praças de pedágios. A carreata, liderada pelo Comitê Popular contra o Pedágio, reuniu comerciantes, empresários e políticos, que protestaram contra a política de concessão de rodovias do governo estadual. De acordo com a deputada, o preço da tarifa de pedágio é injusto e os usuários não podem arcar com estas despesas.

"O que queremos é justiça. Chega de pedágio. Chega de abuso. É necessário que nos manifestemos pelo nosso direito de ir e vir.

As pessoas não podem pagar pedágio para estudar ou trabalhar. O aumento do número de praças de pedágios vem acarretando ônus desproporcional, especialmente aos moradores e trabalhadores de municípios onde se localizam essas praças de cobrança de pedágio. De fato essa população é penalizada economicamente em seus deslocamentos diários", destacou a deputada Ana Perugini.

A deputada é autora de projeto de lei que pede a isenção do pagamento de tarifa de pedágio, nas rodovias estaduais, para veículos cujo proprietário possua residência permanente ou que explore atividade profissional no município em que se localizar a praça de pedágio.

Na justificativa, a deputada Ana Perugini argumenta que a localização de uma praça de pedágio num determinado município pode comprometer sua competitividade econômica, podendo assumir contornos inaceitáveis, no que tange à estagnação econômica local, podendo reduzir empregos e impulsionar a evasão populacional.

"A concessão da isenção de pagamento para esses usuários da rodovia não constitui privilégio, mas, antes, medida que restabelece a justiça, visto que, muitos usuários da rodovia têm deslocamento de curta distância, de característica urbana, dentro de um mesmo município ou entre municípios contíguos.

Desta forma, nós parlamentares, como medida de justiça, devemos evitar ou amenizar o prejuízo dos que precisam conviver com as praças de pedágio no território de seu município, mas quem pode modificar estes casos é o chefe do executivo no Estado". Ainda de acordo com o projeto, para obter o benefício da isenção, os veículos deverão estar credenciados pelo órgão executivo de trânsito com jurisdição no município onde está a praça de pedágio.

O ex-prefeito de Cosmópolis, José Pivatto (PT), também participou da carreata. Segundo Pivatto, os deputados estaduais precisam aprovar o projeto apresentado pela deputada Ana Perugini para que se faça justiça.

"Esse protesto é uma das formas que encontramos para pressionar o governo do estado a rever sua política de concessão e, por consequência, a instalação de praças de pedágios".

21 dezembro 2009

Pedágios em São Paulo são diamantes de sangue!

No momento em que o mundo inteiro se deparou com uma grave crise financeira, o Governo Federal, comprometido em viabilizar a empregabilidade de muitos trabalhadores, incentivou a indústria automobilística e possibilitou a realização do sonho de muitos brasileiros: adquirir o automóvel tão desejado, novo ou usado. Na contramão dos fatos, os pedágios em nossas rodovias estaduais cresceram e continuam crescendo em número e valor. Por obra do Governo do Estado, a família paulista tem perdido o direito elementar de ir e vir, o próprio sangue de uma sociedade que só faz para pagar impostos, taxas e tarifas. Já às concessionárias de rodovias estaduais, o mesmo Governo oferece os diamantes. No Estado mais rico da federação, o preço do pedágio chega a ser o mais caro do mundo, seis vezes maior do que o estipulado em âmbito federal. Soma-se a isso a quantidade de praças de pedágio: 40 em 1997 e 163 este ano, o que significa um aumento de 174%.

Em tempos de avaliação de desempenho das ações do Governo de São Paulo, seria extremamente interessante que o governador relesse os clássicos humanistas do pensamento contemporâneo, e desse especial atenção ao que já dizia no meio do século passado o filósofo espanhol, Ortega y Gasset: “ninguém mandou na terra sem alimentar sua autoridade de outra coisa que não fosse a opinião pública”. O que nos faz crer que passa da hora da família paulista dar um basta a um modo de administração que se mostra incapaz de ouvir o clamor público.

Tudo que é demais sobra! Chega de pedágio. Chega de abuso. É necessário que nos manifestemos pelo nosso direito de locomoção para estudar, trabalhar, ter acesso à saúde e à cultura. Em respeito às necessidades dos brasileiros de São Paulo, e levando em conta os movimentos populares, tomei a iniciativa de apresentar, dia 18 de novembro, Projeto de Lei que propõe a isenção do pagamento de tarifa de pedágio, nas rodovias estaduais, para veículos cujo proprietário possua residência permanente ou exerça atividade profissional no município em que se localiza a praça de pedágio. Ainda de acordo com o projeto, para obter o benefício da isenção, os veículos deverão estar credenciados pelo órgão executivo de trânsito com jurisdição no município onde está a praça de pedágio, mas quem pode modificar estes casos é o chefe do executivo no Estado.

* Ana Perugini, deputada estadual, é coordenadora de três Frentes Parlamentares: em Defesa dos Direitos das Mulheres, em Defesa dos Direitos dos Consumidores de Telefonia Fixa e Internet, e de Acompanhamento das Ações da Sabesp.

18 dezembro 2009

MPF instaura inquérito civil

De nota da Procuradoria da República:

Com base nas notícias veiculadas pelos jornais desta quinta-feira, referente ao reajuste tarifário do pedágio na BR-116, o Ministério Público Federal em Santa Catarina acaba de instaurar Inquérito Civil Público (ICP), a fim de apurar o cumprimento das obrigações contratuais por parte da concessionária Autopista Planalto Sul e verificar a legalidade do percentual do reajuste.

Conforme o procurador da República em Caçador, Daniel Ricken, o MPF já acompanhava o caso por meio de Procedimento Administrativo e havia realizado, inclusive, vistoria na rodovia, que contou com a participação do próprio procurador Daniel e de representantes da ANTT.

Segundo ele, os trabalhos apontaram indícios de descumprimento da obrigação de manutenção da BR, especialmente no trecho do Km 187. Além disso, o MPF apura o cumprimento do prazo de instalação e implantação dos sistemas de pesagem e controle de velocidade.

Fonte: Blog do Moacir Pereira.

17 dezembro 2009

Pedágio na BR-116 fica mais caro a partir de sábado em Santa Catarina


Tarifa básica passa de R$ 2,70 para R$ 2,90


O pedágio na BR-116 ficará mais caro a partir deste sábado em Santa Catarina. A tarifa básica passará de R$ 2,70 para R$ 2,90. Confira os novos valores na tabela abaixo.

A concessionária que administra a rodovia, Autopista Planalto Sul, informa que o aumento da tarifa será aplicado nas cinco praças de pedágio do trecho entre Curitiba à divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul.

Praças em Santa Catarina

— Km 81,6: entre os municípios Monte Castelo e Santa Cecília
— Km 152: entre os municípios Santa Cecília e Ponta Alta do Norte
— Km 233: entre os municípios Correia Pinto e Lages

Segundo a concessionária, o reajuste anual está previsto no contrato de concessão, assinado entre a empresa e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), no dia 14 de fevereiro de 2008.

A data de reajuste é feita sempre na data de aniversário da inauguração da primeira praça de pedágio, que no caso da BR-116, é no dia 19 de dezembro.

Aumento na BR-101 será em fevereiro

Segundo a assessoria da concessionária Autopista Litoral Sul, o aumento do pedágio na BR-101 será feito somente em 22 de fevereiro de 2010, data de aniversário da construção da primeira praça.

16 dezembro 2009

PROTESTO CONTRA O PEDÁGIO . PARTICIPE

CARREATA EM PROTESTO AO PEDÁGIO.


Dia: 21/12/2009. Saida de Paulínia Portal Futurista (Azul).

Horário: 16:00 Horas.

Seguiremos em carreata até Artur Nogueira.

Dúvidas falar com Custódio membro da comissão de Paulínia.

Fone: (19) 7806-73-02.
www.custodiopt.com.br

Adão Loco dá seu recado contra o Pedágio

15 dezembro 2009

Direito de ir e vir desde que se pague pedágio

Parafraseando Drummond, no meio do caminho tinha um pedágio,tinha um pedágio no meio do caminho.

O pior, caro poeta, é que já são 14 pedágios no meio do caminho, entre Presidente Epitácio e São Paulo. Não vamos protestar? Aceitaremos impassíveis mais essa exploração?
Na região, mais nove praças de pedágio começam a funcionar dia 15, sendo seis na Rodovia Raposo Tavares. É o roubo autorizado.

O crime quando compensa muda de nome, como bem disse mestre Millôr Fernandes.
O MST agiu certo quando ocupou pedágios no Paraná. De pé, população da Alta Sorocabana: vamos para a rua, quer dizer, para a estrada protestar com veemência contra o excesso de pedágios e seus preços abusivos.
Ou as estradas têm donos, tornaram-se propriedade privada?(SV)

Fonte: Blog do Jheremias.

Comitê organiza novo ato contra o pedágio

Membros do Comitê Popular da RMC (Região Metropolitana de Campinas) preparam para segunda-feira protesto contra a instalação de novas praças e tarifas abusivas de pedágio em Artur Nogueira, Campinas, Capivari, Cosmópolis, Elias Fausto, Engenheiro Coelho, Holambra, Itatiba, Monte Mor, Paulínia, Indaiatuba e Jaguariúna.

O comitê defende que, nesta região, o deslocamento em qualquer direção tem um percentual de 81% de pagamento de pedágios, enquanto na Grande São Paulo este número é de 38% e na Baixada Santista de 19%, provocando descontentamento e prejuízos às indústrias, comércio e moradores da região.

Durante este manifesto as lideranças locais também estarão iniciando um grande movimento popular em todo o Estado, contando com o apoio de lideranças e entidades de classes.

Fonte: TodoDia

14 dezembro 2009

Silêncio comprometedor

Roberto Requião, em 2002, abraçou durante a campanha ao governo do Estado o slogan "Ou o pedágio baixa, ou acaba". Era uma frase forte, bradada com entusiasmo, que dava a entender que, se eleito, ele aboliria a cobrança nas rodovias paranaenses, ou, no mínimo, reduziria o valor das tarifas. Não foi o que aconteceu. Com sete anos à frente do cargo, o preço não parou de subir. Além disso, estranhamente, até a postura do homem mudou. Nos últimos dias, apesar do novo acréscimo nos preços, sua excelência, em vez de reagir, ficou mudo. Nem mesmo na "escolinha" ele tem protestado contra a situação. O governador hoje é muito diferente daquele que enfrentava as pedageiras. O que terá acontecido? Por que o silêncio? O que está por trás de uma conduta tão mansa e passiva? Esse comportamento precisa ser explicado.

Hipótese

O fim da "raiva" do governador contra os pedágios é mais do que suspeito. Estaria em vigor um acordo oculto entre os dois lados? Requião e os concessionários teriam se acertado? Tal situação é difícil de entender do ponto de vista teórico, mas não é impossível de acontecer na prática. Nessa relação não há mocinhos.

Obviedade

Se realmente quisesse reduzir o custo das tarifas ao povo paranaense, o governo deveria forçar uma negociação com os donos de pedágio. Mas isso o Roberto jamais fez. Então...

Outra

No governo Jaime Lerner, havia uma comissão tríplice composta por um membro do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), por um pedageiro e por um representante dos usuários das estradas. Esse grupo tinha, entre suas atribuições, a função de analisar e cobrar a melhoria das rodovias, sobretudo exigir a duplicação das pistas. Requião desmontou a comissão. Como resultado, no Paraná, hoje não se vê um único canteiro de obras em qualquer região do Estado.

Por tudo isso...

O discurso oficial do governador não passa de um grande chiste demagógico. Uma piada completa. Repare que o homem simplesmente acabou com as investidas que tentavam ridicularizar os ilustres privilegiados da concessão de rodovias. Ao mesmo tempo, vale lembrar que alguns empresários do ramo são aliados de copa e cozinha do chefe do Executivo paranaense. Não é lindo?

Última

Deputados da oposição, que estão com a pulga atrás da orelha, afirmam que há um outro indício da existência de um acordo tácito entre governo e empresas: o Estado faz vistas grossas aos desmandos dos concessionários no que tange à feitura de obras de porte. As rodovias Curitiba-Apucarana e Ponta Grossa-Foz do Iguaçu são o melhor exemplo disso. Está tudo parado. Os pedageiros estão com o terreno livre para fugir das obrigações firmadas em contrato. Estranho é pouco.

Coluna/Et Cetera.

Paraná On Line.

Ministério Público entra com ação para suspender início da cobrança de pedágio em Paulínia

O Ministério Público de Paulínia, por meio de ação protocolada pelo promotor Rodrigo Merli Antunes, pediu nesta sexta-feira (11), a suspensão do início da cobrança, prevista ainda para dezembro, do pedágio próximo à Replan, no KM 132. A ação atinge a Rota das Bandeiras, concessionária que administra a Rodovia General Milton Tavares de Souza, o governo do Estado e a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).


O promotor pediu ainda, caso não consiga a anulação da cobrança, a redução de R$ 7,81 reais para R$ 2,81 reais. Para Antunes, “este é o único caminho existente para aqueles que deixam a área da refinaria da Petrobras e pretendem retornar para Paulínia, razão pela qual o Ministério Público propõe a presente demanda, visando proteger os direitos difusos de locomoção e individuais homogêneos de livre escolha dos usuários da estrada”.

Paulínia News - Paulínia(SP)

03 dezembro 2009

Trabalhadores são escravizados na construção de pedágio

Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região (PRT-15) encontrou 12 pedreiros e ajudantes submetidos à escravidão contemporânea em obras de estrada da concessionária Rodovias do Tietê, no município de Monte Mor (SP)

Por Bianca Pyl

Em plena construção de mais um dos pedágios da malha rodoviária de São Paulo, Estado mais rico do país, a Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região (PRT-15) encontrou 12 trabalhadores submetidas à escravidão contemporânea. O flagrante ocorreu no município de Monte Mor (SP) em meados de outubro. Os pedreiros e ajudantes trabalhavam na construção de uma praça de pedágio para a concessionária Rodovias do Tietê.

Contratadas para executar uma das fases, as vítimas chegaram às obras por meio de um esquema de sucessivas subcontratações, que envolve as empresas Jair Nunes da Silva Construções ME, Construtora House Capanema, Construtora Artin Ltda e a própria concessionária.

Trabalhadores improvisaram uma fogueira para
cozinhar o feijão doado por vizinhos (Foto:MPT)
No momento da fiscalização, os trabalhadores cozinhavam uma porção de feijão doada por um vizinho. A comida era preparada do lado de fora da casa utilizada como alojamento, em uma fogueira improvisada com tijolos (foto). Eles estavam há dois dias sem se alimentar.

O procurador do trabalho Mário Antônio Gomes, acompanhado de técnicos da Vigilância Sanitária municipais de Monte Mor, constatou uma série de irregularidades. "A moradia não tinha as mínimas condições de ser habitada. Só havia um banheiro na casa, que estava muito sujo. O empregador não fornecia água potável aos empregados", detalha.

Apenas sete dormiam em colchões próprios. Os outros improvisavam uma cama com papelão e cobertores. Na frente do alojamento, havia um depósito de lixo que exalava mau cheiro. Muitos animais peçonhentos e insetos circulavam pelo local por causa da proximidade com a mata.

As vítimas trabalhavam no local desde agosto, mas ainda não tinham recebido salários regulares. Vales no valor de R$ 50 foram distribuídos para alguns. "Depois que encerraram sua parte na obra, os trabalhadores foram deixados no alojamento, sem o pagamento dos salários e da rescisão do contrato de trabalho. Eles não tinham assistência nenhuma", conta o procurador. As Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) de alguns empregados foram retidas; outros não tiveram registro no documento.

A jornada de trabalho extrapolava o limite diário e semanal permitido pela legislação trabalhista (8h diárias ou 44h semanais). Os trabalhadores não tinham descanso semanal: trabalhavam de segunda a segunda, das 7h até às 21h. A pausa para alimentação era de apenas alguns minutos.

De acordo com os depoimentos colhidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), as vítimas são do Nordeste. Contudo, eles já tinham migrado para o Sudeste em busca de condições melhores de vida. O recrutamento para a obra do pedágio foi feito já na capital paulista, com promessas de salários de R$ 900, além de alimentção, moradia e todos os direitos trabalhistas.

Os representantes da concessionária Rodovias do Tietê S/A assinaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no qual se comprometeram a fornecer alimentação e material de higiene pessoal aos empregados até o dia de audiência administrativa, ocorrida em 20 de outubro, na sede da PRT-15. Os trabalhadores receberam os pagamentos referentes ao tempo de trabalho, além da verba da rescisão do contrato de trabalho.

Na opinião de Mário Antônio, este tipo de exploração ocorre devido à vulnerabilidade dos trabalhadores migrantes, muitas vezes são ex-cortadores de cana. "O empregador sabe que o trabalhador necessita de emprego para continuar no Estado e o trabalhador se sujeita a condições como estas. Nós estamos acompanhando a mecanização do setor da cana-de-açúcar e como consequência o desemprego de muitos trabalhadores rurais. Essas pessoas estão indo trabalhar na construção civil, que em contrapartida tem recebido investimentos do governo e necessitado de mão-de-obra".

A terceirização - e até a "quarteirização" - de serviços também foram condenadas pelo procurador. "Nesse ramo é muito difícil uma construtora fazer todo o trabalho. Normalmente, ela terceiriza cada etapa da construção e faz o papel de uma espécie de gerente da obra". As empresas grandes contratam outras menores e aquela que está na ponta do ciclo normalmente não tem condições financeiras de arcar com as verbas trabalhistas.

A Rodovias do Tietê S/A pertence à CIBE Participações Empreendimentos S.A. (CIBEPar) que, por sua vez, pertence outras duas empresas: o Bertin Ltda - tradicional grupo de frigoríficos envolvido em outros casos de trabalho escravo - e o Grupo Equipav Pavimentação, Engenharia e Comércio S.A. A CIBEPar atua nas áreas de saneamento, rodovias e energia.

O grupo também é dono das concessionárias Rodovias das Colinas (SP), Sulvias, Metrovias e Convias (RS), a Nascentes das Gerais (MG). A CIBEPar também controla a operadora do Terminal Rodoviário de Campinas e a operadora do Terminal Rodoviário de Campo Grande (MS). A Concessionária Rodovias do Tietê enviou nota à Repórter Brasil e disse que "tomou, imediantamente, todas as medidas necessárias para amenizar a situação vivida por aquelas pessoas e exigir da empresa contratada a regularização das condições de trabalho e alojamento dos seus funcionários. Quanto à terceirização das obras, a Rodovias do Tietê vai intensificar suas fiscalizações e aumentar as penalidades para as contratadas que praticarem atos não previstos na lei".
Fonte: Repórter Brasil.

Agência de Noticias.

01 dezembro 2009

RECORDAR É VIVER...

Pedágio: as mulas já temos -
Voltamos à era das carroças, andando por estradas de terra. Foi a este desvio que o governador urbanista conduziu os paranaenses, ao puni-los com pedágios escorchantes pelo delito de serem donos de veículos automotores e desejarem trafegar por estradas asfaltadas, já que as construiram.

Agora só faltam as carroças. As mulas já temos. Estas, todos sabemos onde estão. Como são mulas, têm cabeça de mula. E quando empacam, ninguém as tira do lugar, justamente porque, por terem cabeça de mula, raciocinam como mulas.

Com toda a reverência e toda a gratidão a esses valorosos animais, que tanto serviço têm prestado ao Brasil, especialmente no tempo das carroças. Mas as mulas sempre se assumiram como mulas, nunca regrediram. Já o homem que assume o papel de mula, este regrediu.

Com o golpe do pedágio a estes custos - sem precedentes na história de povos civilizados - e o retorno às estradas de chão batido, o Paraná começa a progredir como rabo de cavalo (ou de mula): crescendo para baixo.

O governador quer indústrias automobilísticas em nosso Estado, mas pune quem tem automóvel. No mínimo uma incoerência. Está na hora de os burros (que carregam a carga) começarem a relinchar!

Estranha que, com todos os 8 milhões de paranaenses protestando, as lideranças das classes produtoras estejam paradas, inertes. Porque elas têm poder de organização e mobilização, têm força política, e seria imprudência permitir que a paciência do povo chegasse ao ponto de combustão, que aí as consequências seriam imprevisíveis.

É hora de um despertamento das sociedades rurais, dos sindicatos da produção, das cooperativas agrícolas, dos clubes de serviços, da maçonaria, das promotorias de Justiça (que existem para defender a sociedade), dos prefeitos, mesmo os do partido do Governo instalado. Não há que temer nada. Ainda mais agora, em época pré-eleitoral. Já se sabe que não podemos contar com os deputados, pois eles, segundo foi dito por Neco Garcia, estão endividados no Banestado e não vão querer brigar com o governo. Ademais, o deputado-chefe nem permitiria que ousassem abrir a boca.

Dia destes um caminhoneiro, carregado de razão, parou seu veículo diante do pedágio e disse que dali não saía. Resultado: chamaram a Polícia, ele foi punido com pesada multa. Se bobear, ainda leva bordoada. Porque arbitrariedade oficial é que não falta.

Estava bem intencionado o homem, mas não é por aí. Um caminhão não são mil caminhões...

Nem nos tempos da ditadura houve tamanha prepotência como a que o governo paranaense comete agora contra o povo. Naqueles anos a luta era em defesa de uma ideologia - e não importa no momento discutir os seus méritos e deméritos - mas nunca o povo foi esguelado. Os militantes políticos, mesmo os cidadãos do povo que se insurgissem, eram ferrados, impiedosamente, mas havia um respeito aos pacatos cidadãos.

Ato tão insolente como este do governo paranaense só o da ministra que confiscou o dinheiro do povo.

Já escrevemos que cobrança de pedágio existe em todos os países desenvolvidos, foi um grande invento para possibilitar a entrada da empresa privada no gerenciamento de um serviço público como a rodovia. Mas lá, os ganhadores das concorrências construiram as estradas, para depois cobrar pedágio.

Aqui não: nós, o povo, é que as construímos. O valor do pedágio, então, deveria corresponder apenas aos custos de manutenção dessas rodovias e de funcionamento dos serviços pertinentes. Portanto, uma cobrança de frações de real: R$ 0,30, R$ 0,50. Diante de uma rodovia nova que a concessionária construísse, ou da duplicação das atuais, aí chegar a R$ 1 ou pouco mais, porque assim foi e assim é nos países que idealizaram e adotaram a privatização de rodovias.

Não podemos financiar a empresa privada, adiantando-lhe dinheiro para que construa novas estradas só daqui a cinco anos. Isto é privatizar o ganho (dela) e socializar o custeio... Que privatização é esta?!

Já temos dito que nossos governantes gostam de citar os países adiantados quando eles têm algo de ruim que se assemelhe a coisas nossas. ‘‘Estão vendo? - eles exemplificam, delirantes - lá também tem desemprego, também tem pobres’’, e isto e mais aquilo, mas não imitam esses países naquilo que têm de bom.

Quando viajam para fora, sentem-se mal diante das coisas públicas que funcionam bem e vivem na espreita de surpreender algo torto. Pode ser um caso em mil, mas aí eles se deleitam e citam e mostram e até batem fotografia. No caso dessa cobrança alta do pedágio, está bem evidente que nossos governantes só imitaram o lado ruim (cobrar), mas não o lado bom (uma tarifa sustentável).

Nos países adiantados, o pedágio é fração de dólar, até US$ 1 ou pouco mais. Nossos governantes não copiaram estes valores. Nem o modelo de que construir a rodovia, e mantê-las, é por conta da empresa ganhadora da concorrência. Ou então não seria privatização!

WALMOR MACCARINI é jornalista em Londrina
Matéria Publícada no Jornal Folha de Londrina: 9 de julho de 1998.