A decisão do governo federal de privatizar sete trechos de rodovias federais e aumentar com isso o número de praças de pedágio pelo País vai atingir diretamente os custos operacionais das transportadoras e, consequentemente, o bolso do consumidor. A afirmação é do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Paraná (Setcepar), Aldo Fernando Klein Nunes, que esteve ontem em Londrina para a inauguração da Delegacia Regional da entidade. Atualmente, os gastos das transportadoras com pedágio no Paraná já somam até 11% do volume de um frete. ''Somos evidentemente contrários à privatização e não é por uma questão ideológica e sim econômica: o setor já sofre com o excesso de carga tributária'', disse Nunes. Segundo ele, o impacto exato dessa medida só poderá ser calculado após a publicação do edital de concessão a investidores, o qual informará o número de praças de pedágio que serão criadas e o valor das tarifas. A publicação deverá acontecer no ínicio de agosto e a previsão é que o leilão de concessão aconteça em outubro deste ano. Dos sete lotes que serão licitados, três passam pelo Paraná: BR-116, no trecho entre Curitiba e São Paulo, BR-116 entre Paraná e Santa Catarina, e BR-376 também entre Paraná e Santa Catarina. ''Acreditamos que serão criadas nove praças de pedágio. O valor das tarifas ainda não sabemos, mas mesmo que os valores forem baixos, o prejuízo será grande'', garantiu. Para Nunes, a privatização das rodovias federais é um abuso por parte do governo, já que em 2001 foi criada a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) para custear a manutenção da malha rodoviária. De acordo com ele, o tributo é cobrado sobre o óleo diesel e a gasolina, R$ 0,07 e R$ 0,28 a cada litro, respectivamente. ''O dinheiro da CIDE tem sido usado para outros fins, como o pagamento de despesa com pessoal no governo, e muito pouco para os cuidados com as rodovias. Agora, se as rodovias estão intransitáveis é problema do governo. Não se pode simplesmente criar mais uma despesa para o consumidor com a desculpa de que isso é necessário para cuidar das rodovias.'' Mesmo com o aumento dos custos, a entidade não acredita que haverá demissões no setor. Porém, os custos com frete deverão refletir direto no bolso do consumidor. ''Nossa despesa vai ficar maior e alguém terá que pagar por isso'', frisou Nunes. Atualmente, o setor representa 3.412 empresas de transporte de cargas em todo o Estado, as quais colocam mais de 80 mil veículos de carga nas rodovias e empregam aproximadamente 335 mil pessoas. O presidente do Setcepar informou que o setor está se mobilizando para reverter essa decisão do governo. Nunes esteve em Londrina para a inauguração da Delegacia Regional do Setcepar, que tem por objetivo fortalecer a atuação e o atendimento da entidade a seus associados no interior do Paraná. Entre as ações do Setcepar estão cursos de treinamento e qualificação para motoristas. - Serviço: para mais informações sobre a Delegacia Regional do Setcepar os interessados podem entrar em contato pelo telefone (43) 3324-9077
Folha de Londrina 31/07/07