Por Alexandre Arrenius Elias
Você já deve conhecer, você já deve ter sido apresentado às cancelas impostas aos brasileiros e seus veículos que precisam circular pelas inúmeras rodovias que antes eram públicas (nossas) e que agora estão sendo exploradas por terceiros. Exploradas quer dizer: exploram os que delas utilizam. Exploração é bem a palavra autorizada e velada por nossos governos, por nossos políticos e autoridades competentes brasileiras.
Preços absurdos para a manutenção de rodovias e assistência aos usuários. Mega arrecadação financeira vinte quatro horas por dia, que se retornasse mesmo para beneficiar a malha rodoviária brasileira, teríamos estradas de ótima qualidade em todo o território nacional.
Os governos terceirizam em nome da eficiência, mas de quem? Muitas rodovias municipais, estaduais e federais se tornaram descaradas minas de ouro! Pedágios proliferam naturalmente com um ar de suprassumo nacional. O mais engraçado é que na mente do povão virou até status pagar tanto pedágio! Uma pergunta: será que devido à ausência de um sentido real de dignidade, então se sentem importantes pagando seja o que for para receberem um “boa viagem” dos cobradores? Que cumprimento caro, hein?
E ninguém sabe do destino certo do montante desse rio de dinheiro que flui diuturnamente pelas cancelas rodoviárias nacionais. Você nunca teve a curiosidade de fazer um cálculo básico de multiplicar o número de veículos que passam pelas cancelas pelo valor cobrado de seus usuários?
Pense neste simples cálculo quando estiver num pedágio, faça isso e associe tudo diretamente aos nossos nobres políticos, no mais tardar, lembre-se disso ao votar, se é que ainda tem coragem de acreditar em algum candidato que valha a pena. A evidência é que até em nossas rodovias nós estamos sendo legalmente roubados.
Politicamente falando, dê um pouco mais de atenção a seu discernimento de ser brasileiro, fará bem ao seu próprio bolso e, a consciência cívica do país agradecerá. Lembre-se, por exemplo, que anular o voto é uma opção legítima e bem válida num país onde o voto ainda é obrigatório e onde o político, convenientemente, se afastada de seus eleitores.
Nunca me esqueço do promotor de justiça que ao ser convidado a investigar possíveis roubos e fraudes na trama dos pedágios paulistas, ele simplesmente disse conformado: “este é um assunto de contratos e acordos políticos, não há o que fazer juridicamente”.
E assim como a CPMF, que diziam solucionar a crise da saúde pública, o dinheiro seguia para todos os lados, menos para os hospitais. A sociedade empobrece e ao mesmo tempo aceita conformada os abusos em seu próprio bolso! Retiram cada vez mais dinheiro da economia, principalmente da classe média e baixa, até quando?
Tratando-se de uma concessões de patrimônio público (nossas rodovias), deveria haver a máxima transparência contratual nos acordos firmados entre os governos, sociedade e concessionárias. Deveriam nos apresentar os cálculos que justificam honestamente a criação do pedágio, o valor obrigatório cobrado nas praças, bem como a necessidade dos aumentos. Os custos deveriam ser mostrados e comprovados, pois as rodovias são públicas. O asfalto chega a custar em muitas localidades, mais caro que o combustível utilizado nas viagens!
Alguns estados já cobram, e daqui a pouco todos, aplicam pedágio até para as motocicletas! Quanto asfalto consome uma motocicleta? E quanta assistência é solicitada pelos motociclistas as concessionárias? Claro que a alegação da cobrança vem recheada de justificativas medíocres, como já são os absurdos cobrados no Seguro Obrigatório das motocicletas: o valor é para custear os acidentes e pronto. E tem mais, chegam a cobrar a metade do valor de um veículo de passeio! E todos aceitam...
Pergunte a um caminhoneiro o quanto ele paga de pedágio. Lembre-se que caminhões e ônibus pagam por eixo... E se você achar coerente o que eles pagam, procure se informar melhor, pois infelizmente, neste país, você deve estar fazendo parte do grupo que não consegue fazer uma continha básica de multiplicação.
E como está mesmo a nossa educação brasileira? Será que os nossos nobres políticos também tem a ver com isso? Hum...
A tolerância é demais com a roubalheira descarada. Estão explorando ao máximo o que podem com a alegação da manutenção de nossas rodovias. Lembre-se que tudo isso é um efeito do que você permite e autoriza um político a fazer em seu nome. Sua conformação frente a isso nunca lhe custará barato, comece a fazer as continhas de multiplicação!
Lembre-se que o semianalfabeto é aquele que sabe ler, mas não consegue aplicar o que leu em sua realidade, não consegue contextualizar. Será que a realidade brasileira chega a ser tão medíocre que a maioria não consegue perceber se é ou não é semianalfabeta?
Um exemplo real no feriado de Tiradentes, a concessionária que cuida do Sistema rodoviário Castello-Raposo (SP), estimou que da zero hora de sexta-feira (18/04) até as 24h de segunda, mais de 425 mil veículos circulariam pelo seu Sistema, em ambos os sentidos. Vamos então as continhas do nível básico de educação brasileira sendo bem aplicada na realidade: 425 mil veículos pagando somente 4 reais de pedágio e nada mais, o arrecadado já chegaria a 1,7 milhões de reais. Que tal?
Fonte: Jornal do Povo, Três Lagoas.
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