17 fevereiro 2009

Isoladas por pedágio, cidades vão à Justiça

Habitantes de Fazenda Rio Grande e Mandirituba reclamam da instalação da praça de pedágio no limite entre os municípios


Moradores de Fazenda Rio Grande e Mandirituba denunciaram ontem ao Ministério Público Federal a instalação da praça de pedágio no limite entre os dois municípios, obra sob responsabilidade da Autopista Planalto Sul – administrada pela concessionária OHL. A comunidade reclama que o posto vai isolar cerca de 10 mil moradores dos bairros Campo da Cruz, Ganchinho, Jardim Colonial, Jardim Veneza e Jardim São Sebastião, além de fechar a Estrada de Rio Negro, rodovia histórica da região. O movimento conta com o apoio do Fórum Popular Contra o Pedágio e de parlamentares estaduais e dos municípios.

Os manifestantes defendem que a denúncia é o início da reação da comunidade. “Estamos discutindo dez pontos relevantes às famílias. Esperamos que o Ministério Público atue judicialmente ou extrajudicialmente na tentativa de solucionar o problema”, afirma Gehad Ismail Hajar, assessor jurídico do Fórum Popular Contra o Pedágio. “Há precedente jurídico favorável na instalação de uma cobrança em São José dos Pinhais”, diz.

A construção do pedágio gerou problemas para os moradores da região. O ônibus Jardim Veneza aumentou seu tempo de viagem em decorrência do fechamento de uma avenida utilizada pelo veículo para fazer o contorno na BR-116. “Pelo fato de o ônibus não poder sair pela BR, o tempo de viagem aumenta em 20 minutos, causando atrasos”, reclama o comerciante Edson Miranda. Moradores das adjacências da BR são obrigados a caminhar cerca de dois quilômetros para usar o transporte coletivo. É o caso da aposentada Maria do Carmo Oliveira, de 69 anos. “É perigoso. É humilhante. Pegar o ônibus sempre foi ruim, mas conseguiram piorar”, afirma.

Além disso, crianças de Fazenda Rio Grande são obrigadas a caminhar algumas quadras – incluindo a travessia da BR – para usar o ônibus que faz a conexão com Mandirituba. “Aumentou o risco para essas crianças, e não havia necessidade disso”, diz Gilmar Chiapetti, integrante da comissão que protocolou a denúncia no Ministério Público. “Para elas, estudar em Mandirituba é mais próximo”.

A vereadora de Fazenda Rio Grande Lirani Franco defende que a praça de pedágio interrompe a vida dos habitantes. “Os moradores da região são de baixa renda. Muitos deles não têm condições para bancar o pedágio duas vezes por dia”, diz. A opinião do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) é semelhante: “A praça de pedágio inviabiliza a vida dos moradores dessa região”, afirma.

Na última quinta-feira, a prefeitura de Fazenda Rio Grande e representantes da Autopista Planalto Sul afirmaram que houve acordo para liberar o acesso próximo à praça de pedágio. A concessionária pretende construir uma via lateral e reabrir o acesso da antiga Estrada de Rio Negro. Enquanto as obras forem realizadas, o acesso será feito por uma das vias da praça de pedágio. Para os manifestantes, não é o suficiente. “Está abrindo uma saída para quem segue em direção a Curitiba.

Quem vai até Mandirituba continua na mesma situação. Nós pretendemos conseguir uma trincheira que possibilite o não-pagamento do pedágio para os habitantes da região”, diz Chiapetti. A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Fazenda Rio Grande para saber se consultou a comunidade ao aceitar a proposta da OHL, mas não foi atendida. A OHL informou ontem que sua assessoria jurídica vai tomar as medidas necessárias quando for notificada.

Gazeta do Povo : Publicado em 17/02/2009 Vinicius Boreki

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