Prefeitos, deputados e lideranças políticas se reúnem em Indaiatuba para definir ação integrada.
A região de Campinas encabeça uma campanha contra os pedágios no Estado de São Paulo. Uma reunião na Câmara de Indaiatuba hoje reunirá movimentos sociais, sindicatos, lideranças políticas e prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e de outras regiões, como Baixada Santista, Vale do Paraíba e municípios do entorno do Rodoanel, como Osasco e Perus. A ideia é formar um grupo de trabalho para discutir tecnicamente possíveis mudanças na política de cobrança nas rodovias.
“Há uma necessidade de estadualizar o movimento. Em todo o Estado, há problemas com os pedágios”, disse o organizador do evento, José Matos, que é coordenador da Comissão Cidadania Participativa de Indaiatuba — um grupo que luta pela diminuição do valor da tarifa cobrada na Rodovia Santos Dumont (SP-75), que é de R$ 8,80.
Para Matos, 2010 é o ano ideal para discutir o problema, já que o principal interlocutor desse processo, o governador José Serra (PSDB), é um dos pré-candidatos para a sucessão presidencial.
O movimento tem o apoio do novo presidente da RMC, Gustavo Reis (PPS), que ontem falou em união de forças entre prefeitos para pressionar o governo estadual a buscar solução ao problema.
O deputado estadual Antonio Mentor (PT) disse que, apesar do envolvimento de petistas nesse movimento, há uma preocupação de se manter o caráter suprapartidário ao colegiado. “O movimento é político, mas não partidário. Queremos unir outras forças que possam lutar não apenas contra as praças dos pedágios, como também conseguir rever, por exemplo, as tarifas exorbitantes”, disse.
A principal proposta do grupo é que se altere o modelo de concessão, que hoje é oneroso, ou seja, as concessionárias pagam outorga ao Estado. “Nas concessões federais, ganha a empresa que cobra o menor valor”, afirmou.
Também será discutida a possibilidade de formação de uma frente parlamentar na Assembleia Legislativa para tratar do assunto. Outra intenção é a de instituir o dia 1 de julho como o dia de mobilização contra os pedágios do Estado de São Paulo.
Em toda região expandida são 22 praças de cobrança em operação e uma em construção. Dessas, 11 estão dentro da RMC. Algumas delas sitiam cidades e penalizam moradores. Em municípios como Monte Mor e Cosmópolis, por exemplo, os pedágios dividiram os próprios municípios, separando zona rural da urbana.
Elias Fausto é outro exemplo de cidade cercada por pedágios. São cinco praças, nos sentidos de Campinas, Itu, Tietê, Piracicaba e Indaiatuba. O prefeito Ciro Maia (PT) participará da reunião. “Seria ótimo se diminuíssem os valores ou até tirassem algumas praças.”
Foram convidados para o evento em Indaiatuba, marcado para as 19h, alguns prefeitos da região e deputados estaduais, como Carlinhos de Almeida (PT), que luta contra pedágios do Vale do Paraíba, e Marcos Martins (PT), contrário ao pedágio do Rodoanel.
Presidente da RMC defende pressão conjunta
O presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC, Gustavo Reis (PPS), conclamou ontem a união entre os prefeitos para reivindicar ao governador José Serra (PSDB) a solução para o problema dos pedágios na região. “O momento é ideal para a reivindicação”, afirmou Reis numa referência clara à pré-candidatura de Serra à Presidência da República.
Reis, que é prefeito de Jaguariúna e de um dos partidos da base aliada do governador, afirmou que os pedágios na RMC dificultam o processo de desenvolvimento da região. Segundo ele, em alguns casos, a tarifa cobrada acaba sendo desproporcional ao trecho percorrido pelos motoristas.
Em Jaguariúna, uma das praças de pedágio instalada no Km 123, da Rodovia Adhemar Pereira de Barros (SP-340), cuja tarifa é de R$ 7,90, vai ser desmembrada por ordem do governo do Estado, após muita pressão por parte dos usuários.
A RMC é cortada atualmente por 11 praças. “Essa é uma questão de força política. E esse é o ano para essa ação política. Por isso, temos que nos unir e levar esse pleito ao governador, de forma a sensibilizá-lo sobre o problema”, defendeu o presidente da RMC, recém-eleito para o posto.
O movimento proposto por Reis deve ser seguido pela maioria dos prefeitos da RMC. É que muitos deles são constantemente bombardeados pela população sobre a responsabilidade diante da instalação das praças de pedágio. Um fonte ligada ao Conselho da RMC disse que, apesar de os prefeitos também serem vítimas do problema, para a população eles também são responsáveis pelos pedágios. Por isso acabam ficando numa saia-justa.
Para usuários e moradores das 19 cidades da RMC, os prefeitos foram omissos durante o processo de concessão das rodovias, onde se estabeleceu as construções dos pedágios. (Venceslau Borlina Filho/AAN)
Prefeito tucano é a favor de praça em Mogi Mirim
Obra, porém, é criticada por usuários da SP-34O e moradores das imediações
O prefeito de Mogi Mirim, Carlos Nelson Bueno (PSDB), defendeu a instalação de uma segunda praça de pedágio na Rodovia Adhemar Pereira de Barros (SP-340), que ficaria no limite do município. A medida vai servir para reduzir os valores cobrados na praça de Jaguariúna, conforme determinação do governador José Serra (PSDB). O prefeito disse que não foi comunicado oficialmente da decisão, mas afirmou que sabe que o Estado se articula para formalizá-la.
Segundo Bueno, a praça deverá ser instalada no limite de Mogi Mirim com Santo Antonio de Posse, na altura do Rio Pirapitingui, por volta do Km 150. Para o prefeito, localizada nesse ponto, a nova praça não afetará Mogi Mirim. “O grande tráfego da cidade é para Campinas, então o valor continuará o mesmo”, afirmou. A praça de Jaguariúna fica no Km 120 e custa R$ 7,90.
Moradores das duas cidades mostraram insatisfação com a criação da nova praça. “Vou ter de parar de visitar minha irmã toda semana”, disse a frentista Prescilia Rodrigues de Araújo, de 31 anos, que mora em Mogi Mirim e viaja a Santo Antônio de Posse com frequência. Para o também frentista João Paulo Correa Vendrami, de 22 anos, que mora em Santo Antonio, viagens a Mogi Mirim para fazer compras terão de ser muito bem planejadas. “Não vai dar para ir sempre.”
O caminhoneiro Sérgio Amadio, de 41 anos, afirma que qualquer nova praça causará transtornos. “Meus gastos com pedágio em São Paulo aumentaram mais de R$ 1 mil com as novas praças e aumentos”, afirmou.
A Secretaria Estadual dos Transportes informou, em nota, que os estudos para o desmembramento da atual praça está em fase de conclusão.
A Renovias, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que ainda não foi informada sobre o interesse do governo estadual de dividir em dois o pedágio da SP-340. (FNS/AAN)
REAÇÕES
Mais cobrança
PRESCILIA RODRIGUES DE ARAÚJO
Frentista, 31 anos que mora em Mogi
“Vou ter que ficar sem ver a minha irmã, os meus avós e os meus tios que moram em Posse (Santo Antonio de Posse)”
DIOMAR SILVA
Taxista em Mogi Mirim, 64 anos
“O táxi daqui até Santo Antonio de Posse custa R$ 60,00. Vamos ter que aumentar e o passageiro não vai querer.”
JOÃO CARLOS LINO
Gerente de posto em Mogi, 59 anos
“É um absurdo. Para os caminhoneiros, é terrível. Tem muitos que pagam do bolso o pedágio.”
WILSON LUIZ CASTRO
Administrador de empresas, 49 anos
“Vai ser mais justo, porque vai dividir o valor. Não sou contra os pedágios. Sou contra esses preços abusivos.”
Fonte: Correio Popular (Campinas-SP).
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Um comentário:
venho trabalhar em jaguariuna cinco dias por semana . imagina só, vou ter que pedir a conta. porque ñ vai dar no meu orçamento.
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