24 novembro 2011

PEDAGEIRAS E GOVERNOS DO PARANÁ: A BOLSA E A VIDA!

Depois de desobrigarem-se por mais de uma década da realização das obras imprescindíveis que estavam estabelecidas em contrato, para a segurança dos paranaenses nas rodovias, e foram suprimidas através de malabarismos jurídicos, com a anuência dos governantes de plantão, as pedageiras do Paraná preparam-se para dar um novo bote: numa estratégia de marketing, em cumplicidade com a administração atual, as pedageiras desandam a prometer obras que já deveriam ter sido realizadas, mas que, ao afinal das contas, serão pagas novamente pelos usuários das rodovias. No pacote (segundo estudos do Fórum Nacional contra o Pedágio), o lucro equivalente a uma mega sena por semana (20 milhões) durante doze anos, até o final dos contratos, além de aumento da tarifa, instalação de novas praças de pedágio e inimagináveis “pedágios municipais”, isto é, pedágios entre um município e outro.

A Audiência Pública sobre o pedágio, realizada dia 21, na Assembléia Legislativa do Paraná, não se resumiu apenas a políticos de oposição. Contou Ainda com número de deputados supra-partidários, contra o atual modelo de concessão das rodovias o Fórum Nacional contou na platéia com representantes da sociedade civil organizada em nível estadual e nacional.

A tentativa de dar um viés exclusivamente político-partidário ao debate reduz a dimensão de um problema que deve ser enfrentado por todos os cidadãos paranaenses: qual o verdadeiro custo do que não foi realizado e o preço a ser pago pelo que será realizado nas estradas do Paraná? A presença do padre José Aparecido, representando a Arquidiocese do Paraná, do movimento Grito pela Vida, de Mandirituba, representantes de sindicatos como o dos Engenheiros do Paraná (SENGE-PR) e Gilberto Antônio Cantú, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (SETCPAR), que congrega a categoria econômica das empresas de transportes de cargas em 265 cidades do estado, da Nova Central Sindical, da UGT, de representantes do Poder Judiciário, da FETROPAR, do Instituto Reage Brasil, do Presidente da Federação das Associações de Moradores de Curitiba, Edson Feltrin, de Agenor Basso da ASSURCON do Rio Grande do Sul, de Ari Barbosa no movimento “Diga não ao Pedágio” da Bahia, e de conceituados advogados e a ex- deputada federal Dra. Clair, líderes comunitários, entre outros, dão a verdadeira dimensão da representatividade daqueles que lutam contra o atual modelo de pedágio no Paraná e no Brasil.

A amplitude do debate vai muito além das siglas partidárias: o discurso, por exemplo, de Ari Barbosa, do movimento na Bahia, governado pelo PT, convocou brasileiros de todos os estados a reagirem contra o abuso das pedageiras, independentemente de coloração partidária, ainda que estivessem compondo a mesa inúmeros deputados petistas.

Qual o custo da vida? - Um dos depoimentos mais marcantes da Audiência Pública, foi o da cidadã e mãe Rosilene Weber, de Mandirituba-PR, uma das organizadoras do Grito pela Vida naquele município. Seu discurso emocionado resume a tragédia da luta sangrenta entre o lucro e a vida, travada há 13 anos nas estradas do Pais, e que não pode mais ser resolvida entre quatro paredes governamentais e de concessionárias, sem a legítima participação da população. Weber perdeu recentemente uma filha a poucos metros de uma praça de pedágio, porque não havia margem para acostamento na rodovia: “No dia das mães eu sepultei uma filha de vinte e dois anos, vítima de um acidente de trânsito há trezentos metros de uma praça de pedágio.

A gente vive alijado, de muletas a vida inteira”. E completa o desabafo: “Quem é que paga a vida de minha filha? Quanto custa?”. Um resposta que as pedageiras e governos devem a todos os paranaenses e que não pode ser explicada apenas por meros cálculos de seus balancetes. A questão do pedágio não é só da oposição. A questão do pedágio é de todos aqueles que optam pela vida e não apenas pelo lucro.

Justiça e Democracia - Aos moldes da história medieval, onde saltimbancos atacavam de surpresa os transeuntes com o famoso enunciado “a bolsa ou a vida!”, em tempos atuais, exigiu-se mais: além da bolsa, quiseram também a vida, porque foi com a vida com que milhares de paranaenses pagaram pelo lucro e acertos políticos no direito de ir e vir pelas estradas paranaenses, sem as obras prometidas nestes doze anos. E que “diplomacia” é esta onde ainda querem mais lucro, e sabe se lá ainda quantas sobrevidas? Os usuários sim é que são credores de uma dívida que não pode mais ser paga com mera “diplomacia”. Exigem o único consolo possível: justiça e democracia!

Fórum Nacional Contra o Pedágio

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