25 junho 2011

Cheias de pedágios, estradas de São Paulo matam sete por dia

As estradas paulistas mataram 2.395 pessoas no ano passado. Quase sete pessoas morreram por dia. E pior: o número de mortes cresceu 5% em relação a 2009.

O governo, pelo seu lado, faz ponderações sobre o peso real deste resultado e especialistas reagem com críticas sobre falhas de infraestrutura, inclusive naquelas que contam com pedágios que tanto são criticados pelos motoristas. Segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), o estado de São Paulo tem 137 praças de pedágio.

No país, pela primeira vez foi estimado este ano o índice de mortes por quilômetro em estudo realizado no Nest-USP (Núcleo de Estudos de Segurança no Trânsito da Escola de Engenharia de São Carlos da USP).
O índice no Brasil é 7 a 13 vezes maior que nos países desenvolvidos. Por exemplo, o índice brasileiro é de 57,7 enquanto na Alemanha é 6 e nos EUA, 7,1.

Falhas /Segundo o coordenador do Nest-USP, Antonio Clóvis Pinto Ferraz, as estradas paulistas são melhores do que as federais, mas mesmo assim têm falhas graves.

“Entre os principais problemas observados cito a pequena largura livre lateral, falta de barreiras de contenção em segmentos críticos, falta de acostamento ou acostamento muito estreito, sinalização inadequada e pavimento em mal estado de conservação”, aponta.

Outro aspecto importante é a ineficiente fiscalização eletrônica. O presidente da Abramcet (Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito), Silvio Médici, lembra que na Europa há sistemas de radares que medem a velocidade dos veículos em vários trechos e fazem uma média depois. Isso evita que motoristas só desacelerem perto de radares.

“Temos tecnologia. Basta mudar a legislação. O país tem que entender que temos mais de 50 mil mortes ano no trânsito. Isso é e genocídio sobre rodas ”, afirma.

Pedágios /Os especialistas afirmam que a política de concessão com cobrança de pedágio nas rodovias é acertada, mas criticam os altos valores cobrados em São Paulo.

“O que precisa ser feito é a redução dos valores dos pedágios, mediante a ampliação dos prazos dos investimentos previstos no plano de concessão, a redução dos valores estabelecidos na compra da concessão e a diminuição das taxas de remuneração do capital investido. Isso é perfeitamente possível por meio de negociação”, diz Antonio Clóvis.

O próximo reajuste dos pedágios está previsto para o dia 1 de julho e, até o momento, não está previsto qualquer redução (veja acima). Segundo o governo estadual, desde o início da concessão em 1998 já foram investidos R$ 22,2 bilhões em obras.


Governo estadual e polícia tentam amenizar os números

A Secretaria dos Transportes e a Polícia Rodoviária entendem que na verdade houve uma queda de mortes nas estradas. A assessoria de imprensa da Secretaria informou que, além dos dados quantitativos a extensão das rodovias, o volume diário médio de veículos nas estradas e o período analisado devem ser levados em conta também.

O 1º tenente da PM e chefe de assuntos civis da Polícia Rodoviária, Moacir Mathias, argumenta que, se for considerado o aumento de veículos no ano passado, “na verdade houve uma diminuição de mortes”.

Segundo a Fenabrave (Federação Nacional das Concessionárias), foram emplacados no ano passado 1.390.576 veículos no estado de São Paulo, aumento de 10%.

Quanto aos pedágios, em fevereiro o governador Geraldo Alckmin declarou que a revisão dos contratos de pedágio das rodovias do estado iria começar pela rediscussão do índice de reajuste. O IGP-M reajusta contratos antigos e o IPCA os de 2008 para frente.

No dia 16 de abril foi publicada no “Diário Oficial” a contratação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para prestação de consultoria à Artesp, com vistas à eventual revisão dos índices.

Porém, segundo a Artesp, não há prazo para esses estudos e análises ficarem prontos. Em um ano, a inflação calculada pelo IPCA ficou em 6,55% e pelo IGP-M, 9,77%, percentuais que vão balizar o reajuste.

Fonte: Reinaldo Chaves
Agência BOM DIA

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