11 dezembro 2006

Donos de Concessionárias são considerados uma máfia

Painelista ressaltou que a classe caminhoneira está pronta para mostrar sua força.


O terceiro painelista do II Fórum Nacional de Usuários de Rodovias Pedagiadas presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro - MUBC, Nélio Botelho, falou sobre o painel Concessões de Rodovias Públicas na Visão do Movimento União Brasil Caminhoneiro. O palestrante enfatizou que este é um assunto que desperta o interesse das pessoas sérias desse país. “Está havendo uma tensão maior para discussão e parceria ao tratar o assunto sobre pedágio. É preciso ser realista, e lembrar que estamos diante de uma situação onde não há nenhum horizonte azul”. O presidente da MUBC ressaltou que o Brasil está no 46° lugar em democracia mundial. Para Botelho quando se fala em rodovia concedida estamos falando nos empreiteiros, donos das Concessionárias, que formam uma “máfia”. Segundo o painelista, na última eleição um candidato recebeu mais de 14 milhões, e depois de eleito mais seis milhões de reais vindos de donos de Concessionárias. “Quando fazemos greve, por exemplo, sofremos ataque da polícia e até de políticos em prol as Concessionárias, mas temos que continuar a luta, e levar esse debate para todo o Brasil”. Botelho ressaltou que em alguns produtos os impostos ultrapassam 50%, um exemplo é a gasolina. Ele concluiu dizendo que a classe dos trabalhadores no setor de transportes enfrentaria qualquer batalha para acabar com a “máfia” das Concessionárias. “Estamos prontos para qualquer tipo de mobilização no setor de transportes, mesmo sabendo que teremos contra nós a justiça, a polícia e alguns políticos que tem subsídio financeiro das Concessionárias em suas campanhas”.

Mediador do painel, o deputado estadual Adão Vila Verde/PT ressaltou que o maior problema dos modelos de pedagiamento, principalmente no Rio Grande do Sul é a concepção de Estado. “Não olhamos o problema das concessões enquanto um instrumento complementar, mas quando se faz uma concessão é porque o Estado não conseguiu cumprir seu papel”. Ele deu como exemplo a energia elétrica, mas acrescentou que, por enquanto,, ainda está nos “trilhos”. Para Vila Verde a maior prova da forma como as pessoas vêem as concessões foi dado na última eleição, onde a questão da privatização deu grande enfoque em determinado candidato. “Temos um modelo distorcido que não favorece o usuário. Hoje se criou um clima que ninguém suporta ouvir falar em pedágio, e quando se ouve a palavra concessão ninguém quer mais saber”. Vila Verde disse não ser fácil reverter o pensamento sobre o pedágio, pois o conjunto de questões é real. “É difícil brecar essas questões que já estão inseridas na mente das pessoas”. Ele ressaltou que entre a vontade política e as condições para realizar uma grande obra há um buraco, que impede o resultado final. “Mesmo assim é fundamental a revisão dos contratos periodicamente”.

Ao outro mediador e coordenador Estadual do Fórum Popular Contra os Pedágios, Acir Mezzadri, coube ressaltar que a questão do pedágio é uma questão política. Para Acir é preciso coragem para ir contra o que já está acordado e não satisfaz. Ele disse ainda que é preciso pressionar os partidos e não deixar que os grandes empresários “mandem” nas eleições. “Os grandes empresários intimidam os políticos quando não satisfeitos. A vontade e também o resultado final vai depender somente do povo. No momento que ele sair do anonimato e mostrar argumentos fortes será ouvido”. Mezzadri entende que o caminho é apresentar no Congresso Nacional uma proposta séria, para então saber quem são os deputados que levantarão a mão em favor dessa causa. “Temos que abrir as caixas pretas e verificar quem são os políticos que se vendem, para então saber realmente como acabar com os pedágios desnecessários”.

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