06 outubro 2005

A Batalha Final

A campanha contra o pedágio já está sendo vitoriosa. O Forum Contra o Pedágio conseguiu formar-se em Curitiba, ganhar contornos estaduais e, ao mesmo tempo, incorporar-se ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Um feito extraordinário em apenas quatro meses, a demonstrar a justeza e a oportunidade da sua publicização; na sua campanha de convencimento público.

A aberração político-jurídica da concessão de rodovias públicas a empresas privadas choca as pessoas bem formadas: as propriedades públicas não podem ser vendidas, emprestadas, alugadas sem anuência dos seus legítimos proprietários. A lógica de que o Estado deve privatizar seus serviços fundamentais é uma lógica oportunista difundida por espertos usurários, políticos de corrupção e mensalão e por indivíduos para os quais os bens públicos devem ser privados para poderem extorquir direitos da cidadania.

Como apenas uma boa causa cívico-popular não vence sua luta, é preciso que ela ganhe as mentes e corações: as mentes, pela racionalidade de que pode ser iluminada; os corações, através da legitimidade que lhe for inerente e pela justeza de seu propósito. Esclarecer a boa causa, informar, divulgar e atrair o espírito público onde ele se encontre tem sido nossa tarefa. E assim, das visitas a entidades representativas do sistema de produção e do trabalho, a comissão formadora passou a dialogar mais freqüentemente com lideranças sociais populares, sindicalistas, rodoviaristas, profissionais de engenharia e técnicos em transporte. E então partiu-se para o esclarecimento da imprensa, de normal no choque entre as necessidades públicas com seus interesses e a economia que abriga os empreiteiros de obras públicas; e logo surgiu o apoio explícito do Sindicato dos Jornais e Revistas do Estado do Paraná, através de seu presidente.

Com a adesão da União Paranaense dos Estudantes (Arilton Feres) e da UNE (com a participção de sua vice-presidência no Paraná), do professor Aloysio Surgik (presidente do Sindicato Metropolitano dos Professores da Região Metropolitana de Curitiba) e do jornalista Abdo Aref Kudri (presidente do Sindicato de Jornais e Revistas do Estado do Paraná) está-se delineando o formato final da bandeira da restauração do direito de ir e vir nas rodovias brasileiras e a reassunção do direito de propriedade pública em nosso Estado.

Nascido, estendido e consolidado no Paraná sob crescente apoio de entidades profissionais, sociais e políticas, o Forum foi-se ampliando a Paranaguá, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa, Araucária, fechando o périplo que o constituiu como representativo das forças sociais paranaenses. Dos contactos com Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e com São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - ameaçados pela mesma política de corrupção na representação política e dos interesses públicos, em especial o projeto das PPPs (o financiamento público para a iniciativa privada) - o movimento ganhou mis força, estreitando os laços de associações, sindicatos e federações ligados ao transporte de cargas e de usuários do sistema viário no Sul do País.

Porém, ao mesmo tempo em que várias lideranças políticas mais conscientes engrossavam esse grande movimento social, econômico, cultural e político extrapartidário, as resistências de outros políticos e de uma parte de imprensa foram revelando que os “lobbies” dos especuladores de obras públicas alcançam toda parte; que a corrupção política já promete repetir os financiamentos de campanhas de deputados, prefeitos, vereadores. Evidenciando-se que “o mensalão” está sendo o braço liberalista, o tutor das consciências malformadas de políticos dedicados à corrupção de plantão.

Oito deputados do Rio Grande do Sul já assumiram participação imediata e agora exigem na assembléia legislativa gaúcha investigação sobre os procedimentos aliciatórios de empresa estrangeira estabelecida no Paraná e no Rio Grande do Sul, e que oferece mensalão a políticos simpatizantes do pedágio. Também três deputados de Santa Catarina se tem reunido com lideranças sindicais e lideranças sociais para barrar naquele Estado os “lobbies” de especuladores em sua tentativa de tomar o controle das rodovias catarinenses.

Na reunião do último dia 18 de agosto em Porto Alegre, os participantes do encontro dos três Estados sulinos foram alertados de que o governo Lula está promovendo contactos com empreiteiros de obras públicas, com a finalidade de oferecer financiamentos e condições especiais para que logo disputem o pedágio nas principais rodovias de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com isso, as concessões de PPPs (Parcerias público/privadas) “passariam a desonerar o Tesouro Nacional”, garantindo o Superávit Primário que sangra o País. Tudo como se o grupo governista sob suspeita, além de nos roubar os bilhões da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico: R$ 30 bilhões em dois anos), ainda pretendesse fazer doação dos bens públicos a empresas de mensalão. Da formação inicial com dezoito líderes sindicais e militantes políticos, do tímido apoio inicial de dois deputados, três prefeitos e 16 vereadores, o Fórum do Paraná Contra o Pedágio veio ampliando sua base política com lideranças de todos setores, movimentos sociais, categoriais e partidos.

Entre as entidades hoje participantes: Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Social Democracia Sindical do PR, Sindicato dos Jornais do PR, União Nacional dos Estudantes no PR, União Paranaense dos Estudantes, Sindelpar, Sindicato dos Gráficos do PR, Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho do PR, Setcepar, Sindilitoral, Coopercaf, Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros do PR, Federação dos Pescadores do PR, Partido Renovador, PRTB, PC do B, PMDB, PT.

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