01 agosto 2007

PEDÁGIO ARRECADA MAIS E NÃO INVESTE EM OBRAS.

Só em um ano fluxo e receita cresceram 10%, sem contrapartida das concessionárias

Em um ano, de julho de 2006 a julho de 2007, houve aumento de 10,7% no fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas do Paraná, com um crescimento igual na arrecadação das concessionárias, mas isto não se converteu em investimentos no mesmo porcentual. Mas a seção paranaense da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, sem mencionar essa vantagem, ainda se reporta aos 20 meses em que só recebeu as tarifas pela metade, por determinação do governador Jaime Lerner. Que em plena campanha eleitoral pela reeleição adotou essa estratégia política, até hoje rendendo cobranças por parte daquela entidade. Pela afirmação do presidente da Associação das Concessionárias, novos investimentos só serão possíveis ''se o Governo do Estado se propuser a rever o reequilíbrio financeiro das empresas''. Vinte meses de tarifa reduzida são menos que a receita correspondente ao aumento de 10% de agora. Por isso, ardilosamente, a ABCR bate na tecla de que a expectativa de receita esperada ''ainda não foi atingida''. Os números reais ninguém conhece fora da ABCR, porque o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão do Estado, não tem controle nem do fluxo e nem de quanto as concessionárias arrecadam. Quando quer dados, o DER os busca nas próprias praças de pedágio. A mesma representação das empresas afirma que o aumento do fluxo de veículos não foi levado em consideração no momento em que se estabelecia quais obras deveriam ser realizadas. O Governo nega isto, pela afirmação do secretário dos Transportes. Em nove anos de existência, o sistema de pedágio implantado no Paraná dobrou o valor das tarifas, os investimentos em infra-estrutura foram mínimos e as concessionárias (cujos números são desconhecidos) alegam que a meta de receita não foi atingida. Deve ser ultra-astronômica essa meta. Quanto a obras de duplicação, tome-se como exemplo a Rodovia do Café (ligando o norte do Estado a Ponta Grossa), que continua do mesmo tamanho, mas rendeu fortunas às concessionárias em quase uma década de cobrança de pedágio. Uma neblina densa obstrui a claridade nessa questão do pedágio, e embora as múltiplas ações judiciais do atual Governo para rever muitos pontos, tem prevalecido o poder soberano das empresas conveniadas, que não corresponderam com as obras infra-estruturais esperadas mas estão atentas quando chega a época de aumentar as tarifas. A voracidade de arrecadar é visível. Sem controle pelo poder concedente, que é o Estado, tudo corre com ventos a favor das concessionárias, que habilmente - e como estratégia - faz-se de vítima constante, parecendo que é credora nesse ''affair''. E mais três rodovias pedagiadas vêm por aí, em trechos paranaenses!
OPINIÃO Folha de Londrina 1/08/07

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