08 outubro 2009

Monitor Mercantil: Algumas empresas têm rentabilidade superior a 80%

Não só os grandes bancos colhem elevadas rentabilidades, mas as concessionárias de rodovias, quando analisadas isoladamente, são o grande destaque em termos da relação entre lucro líquido e patrimônio líquido (PL). Segundo o levantamento da Austin Rating, feito com exclusividade para o MONITOR MERCANTIL, a rentabilidade média das 15 empresas avaliadas superou os 30% no ano passado, acima do setor financeiro, que ficou com 20,3% de rentabilidade sobre o patrimônio líquido.

Avaliadas individualmente, algumas empresas apresentam rentabilidade acima de 80%. Este é o caso da Concessionária Rodoviária do Planalto (Coviplan), que apresentou um índice de 82,9% e da Concessionária Sistema Anhanguera Bandeirantes, com 80,5%. Em terceiro lugar aparece a Centrovias Sistemas Rodoviários mostra um retorno de 47,2% e a Concessionária Ecovias dos Imigrantes 43,9%.

Ranking de rentabilidade


No levantamento anterior, divulgado pela Austin, as concessionárias foram avaliadas juntos com outros segmentos, o que fez os bancos liderarem o ranking de rentabilidade em 2008, com a média de 22,6%, no caso das instituições de grande porte. "A rentabilidade das concessionárias, sem dúvida é muito elevada e supera até os bancos. Este ano, a perspectiva é de que se mantenha devido à conjuntura econômica, mas esta é uma aposta conservadora. De qualquer forma, em 2008, a rentabilidade já foi bastante elevada", afirma o economista chefe da Austin Rating, Alex Agostini (foto).

Ele lembra que, diante da retração econômica, provocada pela crise financeira internacional, o tráfego pesado nas rodovias reduziu. Mesmo assim, a intensidade da queda não foi tão forte e, em parte, é compensada pelo fluxo de veículos leves. A retomada fica evidente nos últimos dados do setor. Segundo a pesquisa da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) em conjunto com a Tendências Consultoria Integrada, o índice de fluxo pedagiado referente a agosto apresentou expansão de 0,4% em comparação ao mês anterior, considerando os dados dessazonalizados.

Fluxo de veículos

O fluxo de veículos leves apresentou alta de 1,6% em agosto em relação a julho, em termos dessazonalizados. Já o fluxo de pesados permaneceu estável na margem em agosto contra julho deste ano. Nos últimos doze meses (acumulado de setembro de 2008 a agosto de 2009 sobre setembro de 2007 a agosto de 2008), o fluxo total teve expansão de 1,4%. Considerando esta mesma base de comparação, o fluxo de leves cresceu 2,8% e o de pesados caiu 2,6%. Na avaliação de Agostini, como o pior da crise já passou e a economia tende a ser impulsionada no final de ano, com o incremento das vendas, além da chegada das férias de fim de ano, o fluxo de veículos deve se manter em tendência crescente até março do próximo ano.

Agostini observa que as companhias tendem a colher nos próximos anos os frutos dos investimentos realizados nos últimos exercícios. Ainda de acordo com os dados da ABCR, no ano passado, as companhias investiram R$ 2,6 bilhões. "Estes recursos já foram retirados do caixa e, assim, as empresas irão rentabilizar os investimentos, ou seja, colher os frutos. Para 2010, a expectativa é de uma rentabilidade ainda maior", explica.

Projetos já desenvolvidos


De acordo com S&P, todas as 45 concessões de rodovias, no Brasil, são projetos já desenvolvidos, isto é, inteiramente operacionais. Devido à ausência do principal risco, o de construção, as incertezas destes projetos se concentravam principalmente nas projeções de tráfego. Mas esta não é uma dor de cabeça, quando avaliado o fluxo dos últimos anos. Como resultado da recente expansão da economia brasileira, a taxa de motorização nas rodovias com pedágio aumentou visivelmente, em decorrência do incremento do número de veículos comprados, que ampliou as atividades de translado, tais como as de deslocamento diário de habitantes e as de turismo.

Tráfego total

Nos últimos cinco anos, o tráfego total nas concessões rodoviárias brasileiras aumentou à taxa média de 4,1%, ligeiramente superior à média de crescimento do PIB no mesmo período, que foi de aproximadamente 3,6%.

- Devido à limitada concorrência com outras formas de infra-estrutura de transportes, o crescimento econômico no Brasil é altamente dependente de sua malha de rodovias. Esta intercorrelação melhorou os fluxos de caixa e o desempenho operacional das concessões rodoviárias - explica o relatório.

Como a maioria das concessões de rodovias no Brasil é relativamente madura e não necessita de financiamentos adicionais para os investimentos, a Fitch acredita que a baixa liquidez dos mercados terá efeitos insignificantes nos projetos. Além disso, os investimentos são inteiramente financiados com os fluxos de caixa das operações. Em resumo, estes projetos geraram níveis de fluxo de caixa livre suficientes para amortizar a dívida.

Ações - A rentabilidade crescente e o retorno esperado para as concessionárias de capital aberto já se refletiu na recuperação do preço das ações das duas companhias este ano. Enquanto em 2008, as ações da OHL recuaram 43,42%, no acumulado de 2009 até o final de setembro, subiram 119,63%. A rentabilidade desta companhia, no primeiro semestre, ficou em 5,76%. Já a CCR, que exibiu uma rentabilidade, medida pelo lucro líquido dividido pelo PL de 17,63% no primeiro semestre, mostra uma performance mais interessante. Durante 2008, as ações recuaram apenas 9,4% e, até setembro deste ano, mostram alta de 42%.

Ana Borges

Um comentário:

Unknown disse...

Nunca vi tanto absurdo como a lei do Zé Pedágio. Esta lei está igual o CPMF, que dizia que a arrecadação era pra saúde pública, mas esta nunca viu a cor dos milhões arrecadados.

A arrecadação das concessionárias, que seria para a conservação das estradas, jamais o usuário vai ver.

Comentário do Chiquinho do Paraná.