07 novembro 2011

O culpado

Falar de pedágio no Paraná é sempre um assunto delicado e difícil. Ontem, essa coluna voltou ao tema com a manchete "Robin Hood às avessas", numa clara referência ao que acorre hoje no Estado no que toca à duplicação de 14,4 quilômetros da BR 277 entre Matelândia e Medianeira, no oeste.

Ficou acertado que as pedageiras bancarão o custo imediato da obra no montante de R$ 50 milhões, mas, depois de pronta a construção, haverá um aumento no valor da tarifa para ressarcir as despesas.

Ressalvada a boa intenção do governador Beto Richa de resolver o problema, nada nessa história é favorável à população. Nesse sentido, se olharmos para o passado e procurarmos o responsável pelo que vivemos hoje, a resposta vai muito além da culpa óbvia de Jaime Lerner, que foi quem firmou os contratos de concessão. A raiz do mal, no que tange à duplicação da BR 277, reside em Roberto Requião.

Foi ele quem isentou a empreiteira de fazer a obra. Do acordo espúrio assinado sete anos atrás consta a bênção do ex-governador.

A história

O acerto entre as duas partes teria acontecido em julho de 2004, quando Requião desobrigou a pedageira de duplicar a estrada e, em troca, a concessionária abriu mão de um reajuste previsto em contrato. O item ‘G' do texto é de uma clareza total, ipsis verbis: "Alteração das obrigações contratuais da concessionária, mantendo-se as obrigações relativas à operação, conservação e restauração das rodovias e excluindo-se os investimentos referentes às obras de melhoria e ampliação da capacidade".

Em branco

Até hoje, Roberto não desmentiu pontualmente o acordo. A pergunta que Requião precisa esclarecer definitivamente é: afinal, sua excelência concordou em "trocar" a não duplicação da BR 277 pela desistência, por parte da Ecocataratas, de executar um aumento nas tarifas a que tinha direito? A sociedade paranaense aguarda ansiosa pela justificativa do atual senador.

Constatação

Coincidência ou não, durante todo o período em que Requião esteve à frente do Palácio Iguaçu houve ausência absoluta de obras de porte pelos concessionários sem que, jamais, cessasse o tufão de dinheiro arrecadado para os bolsos das empresas exploradoras. Nos últimos oito anos as estradas não foram duplicadas, nem os acostamentos melhorados, tampouco as curvas foram corrigidas.

Dá para esquecer?

Não custa lembrar que os mesmos consórcios que administram os trechos paranaenses são responsáveis pela malha paulista. Cabe ressaltar que, comprovadamente, as dez melhores rodovias do país ficam em São Paulo. O tratamento é desigual: o do Paraná é inferior. Inexplicável a discriminação. Tal análise já havia sido feita anteriormente pela coluna, mas o repeteco se impõe

Fonte: Parana - Online.

Um comentário:

Anônimo disse...

Contra a Ganancia RT... http://www.peticaopublica.com.br/?pi=LPC2011R Pelo fim do pedágio em AVENIDA Linha Amarela & TransOlimpica.