28 novembro 2011

Silêncio no aumento do pedágio rodoviário

O presente de Natal antecipado que os paranaenses recebem, todo ano, desde a fatídica Era Lerner (1998), é a notícia de que vão pagar mais caro pela tarifa de pedágio rodoviário. Entra ano, e a lenda é a mesma. Desta vez, a situação foi ainda mais estranha, para não dizer 'vergonhosa' aos milhares de contribuintes que são obrigados a pagar uma das tarifas percentualmente mais altas do País. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) autorizou o aumento com a maior naturalidade, elevando em mais 4,5% o serviço.


O que mudou em relação aos oito anos do Governo anterior? Do ponto de vista prático, nada, apenas o assunto ganhava ares de polêmica, pois o gestor anterior (Requião) tentou, sem sucesso, questionar os altos valores que elevam o preço médio de alimentos e serviços no Estado, decorrente das tarifas que deixam o Paraná em situação moral e politicamente questionável. E, agora, tentando quase “esquecer” o que se falou na última disputa eleitoral (2010), o Governo autoriza sem qualquer questionamento, com modestas notas informativas. Mas quem precisa pagar pelas altas taxas, certamente, não esquece! E não tem dinheiro de marketing ou mídia que resolva. Lerner é que deveria se envergonhar do que fez para o Estado ao privatizar o serviço e 'entregar' as rodovias construídas com dinheiro público. Seus (ex)aliados também!


Na eleição de 2010, o candidato – hoje governador – Beto Richa (PSDB) concordava que as altas tarifas de pedágio precisavam ser revistas. E isso seria feito através de diálogo. Diferente do Governo anterior. A tese, correta e oportuna, ainda não surtiu qualquer efeito, ao menos até o momento, pois quem continua pagando pela privatização das rodovias é o contribuinte. Infelizmente!


Estranha, contudo, o silêncio da grande maioria dos deputados estaduais que parecem 'convencidos' de que seria normal pagar tais valores, e preferem se 'esconder' no conforto do silêncio, sem qualquer questionamento às causas de um modelo de gestão que agride o bolso e a qualidade de vida da grande maioria da população. Afinal, embora nem todos os paranaenses circulem diariamente pelas rodovias, o aumento do pedágio onera todo e qualquer serviço realizado no Paraná, seja elevando o preço dos alimentos, o valor das passagens, dentre outras situações que, em última instância, pesam sobre o consumidor.


Como se vê, já não se trata de discutir a legalidade ou a pertinência do pedágio rodoviário. Mas o fato, inevágel, é que enquanto em outros estados algumas tarifas ficam em torno de 1,40 ou 2,00 reais pelo serviço, no Estado do Paraná, em alguns casos, custa R$ 13,80 ou 12,80 para um carro pequeno (de trabalho) apenas para viagem de ida. O exemplo do trajeto Curitiba a Ponta Grossa é ilustrativo: somando as duas tarifas, ida e volta, o custo ao usuário de uma viagem de 110 km deve ficar em torno de 30,00. No trajeto entre Curitiba e Joinville, de 120 km, o valor fica em torno de 8,00. É por este cálculo que o custo de vida se torna mais oneroso para a população. Mas governos e deputados – que não pagam pedágio – parece que não pensam exatamente assim, talvez porque não sentem no bolso!


Fica, pois, uma modesta sugestão aos estimados leitores/as do Jornal da Manhã. Acesse o http://www.pedagio.org/. Pelo site, é possível saber o quanto as altas tarifas de pedágio rodoviário cobradas no Brasil – e no Paraná não é diferente, talvez apenas um pouco pior – empobrecem o País. Confira o Pedagiômetro! E, na próxima eleição ao Governo do Estado, não esqueça de cobrar também do candidato a deputado estadual, para que o mesmo nunca mais silencie quando se falar em formas de mudar esta situação.


Sérgio Luiz Gadini, contribuinte e usuário das rodovias do Estado, construídas com dinheiro público e privatizadas em 1998. sergiogadini@yahoo.com.br


Fonte: Jornal da Manhã (Ponta Grossa/PR), 26/11/2011.

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