31 março 2011

A “confissão” de Alckmin sobre pedágios paulistas

De todas as críticas aos governos do PSDB em São Paulo, talvez o alto valor dos pedágios seja a que “mais pegou”. Apesar do forte marketing do governo paulista em alardear as estradas do estado como as melhores do país – e disso ninguém duvida –, os valores praticados nas praças de cobrança são, em algumas situações, mais caros do que o custo com o veículo, como combustível e desgaste com pneus e freios. Como toda discussão torna-se mais séria somente após o ambiente eleitoral, o valor dos pedágios volta à tona com o que se pode chamar de “confissão” do governador Geraldo Alckmin, feita segunda-feira, 28, quando propôs alterar o indexador das tarifas, por querer um “índice real” – atualmente é utilizado o IGPM.

Não é a primeira vez que Geraldo Alckmin explicita seu desejo de atender reivindicações de setores produtivos ligados ao transporte, assim como de “cidadãos comuns”, mas é que, desta vez, como governador de São Paulo, ele apresenta sua preocupação no sentido de provocar mudanças.

Alckmin destacou que irá renegociar os índices. “As novas concessões já são com o IPCA, mas vamos querer (um índice) diferente até do IPCA”, afirmou. "Queremos um índice real, saber qual é o custo da concessão", disse o governador, após evento na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). "Vamos renegociar o índice da taxa interna de retorno das concessões antigas, porque as novas já estão no modelo."

Num sentido político-partidário, o governador lança “fogo amigo” ao seu antecessor, José Serra, que passou a campanha à Presidência, ano passado, defendendo-se de ataques constantes por conta do valor dos pedágios, o que lhe valeu o apelido capcioso de “Zé Pedágio”, muito aproveitado por seus detratores. O consentimento de Alckmin de que os pedágios são caros e precisam ser revistos é, de forma simbólica, a concordância com a propaganda contra seu companheiro de partido.

É importante salientar, no entanto, que nada justifica estradas federais tão ruins quanto as que existem no Brasil atualmente. Mas contas amplamente divulgadas por veículos de imprensa em todo o País demonstram que há “algo de podre no reino da Dinamarca”. Um comparativo dos valores do pedágio paulista com os praticados na Flórida (estado norte-americano) – publicado no site Transparência São Paulo, com informações da rede Brasil Atual – aponta que os do estado brasileiro custam o dobro. Se viajar de norte a sul na Flórida, pela rodovia ‘Florida’s Turnpike’, custa o equivalente a R$ 37,31 em 492,62 quilômetros percorridos – R$ 0,08/km, de São Paulo a São José Rio Preto são R$ 61,50 em 440 quilômetros – R$ 0,14/km.

A “confissão” de Geraldo Alckmin é um tremendo avanço num tema que havia se transformado apenas em bandeiras políticas de situação e oposição onde, muitas vezes, esvaem-se os fatos e as informações mais próximas da realidade. A necessidade de ter boas estradas – o que, em verdade, é um direito de todo cidadão – não pode ser mero argumento para criar um buraco sem fundo para arrecadação.

Fonte: A Tribuna/Erich Vallim Vicente

Um comentário:

Anônimo disse...

é verdade q na Florida custa isso mas, o que o nosso querido governador esqueceu de dizer é que, alem de ser mais barato tambem te a opçao de ir de graça por outra estrada q corre paralela a paga e anda se numa velocidade menor e com mais trafego... aki nao tem opcao.