27 maio 2011

Líder do governo: prorrogar pedágio pode ser bom

Quando o líder do governo assume a tribuna supõe-se que só fala aquilo que o governo quer que ele fale. É a regra geral nos parlamentos. Pois ontem o líder que o governador Beto Richa indicou para representá-lo na Assembleia, o deputado Ademar Traiano, confirmou a disposição do governo de estender por mais alguns anos os contratos com as concessionárias de rodovias em troca da redução das tarifas e da antecipação de algumas obras.

Traiano demorou 24 horas para defender o governo, que um dia antes havia sido bombardeado por críticas da oposição a partir da revelação de que a prorrogação dos contratos em 15 anos (até 2037) já faria parte do acordo que a Secretaria de Infraestrutura e Logística está construindo com as concessionárias.

O parlamentar não confirmou que acordo nesse sentido já estivesse negociado, mas defendeu a extensão dos contratos como uma opção vantajosa para todos os lados. A frase é dele: “Não se negocia impondo condições antecipadas. Se eventualmente a solução para as altas tarifas do pedágio passar por uma prorrogação dos contratos, não vamos excluí-la da negociação”.

Para dar força ao argumento, citou o petista Aloisio Mercadante (atual ministro da Ciência e Tecnologia) que, como candidato ao governo de São Paulo no ano passado, propôs medida semelhante para os pedágios paulistas.

Traiano não se se referiu, no entanto, à principal informação tornada pública esta semana – a de que, procurado por uma das partes em Brasília, o governo federal já firmou posição contrária à prorrogação como forma para baixar as tarifas. A União (à qual pertencem as rodovias pedagiadas no Paraná) quer que primeiro sejam reduzidas as taxas de lucro das concessionárias paranaenses – o dobro das praticadas nas concessões federais – para depois dar (ou não) sua anuência.

Mas a mais curiosa das afirmações do líder Ademar Traiano em seu discurso foi de que o assunto pedágio é de exclusiva competência do Poder Executivo e que os deputados não deveriam se ocupar dele para não politizar a questão. “Como democrata que é – disse o deputado – o governador Beto Richa vai prestar contas à Assembleia sobre as negociações, mas na hora certa”. E pediu tempo à oposição.

Fonte: Gazeta do Povo/ Celso Nacimento.

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